sábado, 19 de abril de 2008

O Show no MISC


Depois da programação da tarde da sexta-feira, que envolveu ainda visitas ao Museu da Caixa d'Água e ao próprio MISC, além das sempre boas e instrutivas conversas e da visita ao Mário Olímpio, posso dizer que tivemos um excelente início de turnê. A apresentação foi bacana. Havia uma ótima estrutura de palco, montado com praticáveis, no pátio interno do MISC, o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá. Aliás, o museu tem sido bem mais do que um museu. Dentro de uma perspectiva totalmente contemporânea, o que a turma que está à frente da administração do lugar (Ahmad e Lenissa, dentre outros), todos do Espaço Cubo, é fazer do museu um espaço dinâmico, bem mais abrangente do que um simples repositório de bens de valor histórico, aberto à visitação.

O MISC tem sido um espaço estratégico para a implementação de um avançado mecanismo de gestão que está sendo implantado em Cuiabá: a Governança Integrada. Sensível e perspicaz como poucos Secretários de Cultura que conheço, o Mário Olimpio tem sabido incorporar as sugestões comunitárias e, assim, trazer para o cerne da discussão da gestão pública de cultura diversos movimentos da comunidade artístico-cultural de Cuiabá. Através de comitês integrados que envolvem representantes dos aparelhos culturais cuiabanos bem como de entidades representativa de categorias artístico-culturais, ele tem descentralizado boa parte da decisão orçamentária da cultura do município.

A galera está, a partir deste processo, debatendo a reformulação do Conselho de Cultura de Cuiabá (Municipal), assim como os mecanismos de fomento, os editais, e decidindo sobre a aplicação de determinadas frações do bolo orçamentário. É uma espécie de orçamento pariticipativo cultural, só que um pouco mais abrangente, porque também envolve a sociedade civil na gestão cotidiana de determinados equipamentos culturais. E o MISC é uma espécie de "central" da Governança Integrada, onde as instâncias setoriais se eunem, deliberam, decidem. É um processo em construção e que condiz com o que vem acontecendo em diversar outras cidades brasileiras: um movimetno pela institucionalização do apoio à cultura de maneira cada vez mais séria e intensa. Criar estruruas permanentes e perenes e de gestão participativa (dalígica, discursiva, comunicacional): essa é a tônica destes processos.



Na conversa da tarde com Mário, verificamos que temos muitas semelhanças, mesmo fazendo parte de coalizões de governo de ideologia diversa, afinal, o Prefeito de Cuiabá é do PSDB...



Mas, voltemos à apresentação: um público razoável compareceu, semelhante à média de público dos Balanços da Catraia em Rio Branco. Se considerarmos que neste mês de abril se tem comemorado (durante todo o mês) o aniversário de Cuiabá, com diversas programações culturais simultâneas em diferentes pontos da cidade, notadamente aos fins de semana, aí compreendemos que o público foi de fato considerável, apesar de modesto. Estavámo um pouco nervosos, apesar do espaço aconchegante, público bem próximo, palco baixinho. Do jeito que a gente gosta. Só que o público, desta vez, não eram nossos contenrâneos e amigos acreanos, que já conhecem e apreciam a banda. Apesar disso, esse relativo nervosismo é saudável, bom para manter a atenção, principalmente quando se está cansado pela viajem. Alguns pequenos erros de execução, devo confessar. Mas o conjunto da obra foi muito bom.



O evento marcou o lançamento do Portal Fora do Eixo em Cuiabá, e foi uma primeira experiência de evento integrado de rock e hip-hop (uma espécie de hip-rock). Haveria a apresentação da Filomedusa e, após, a performance de diversos manos do hip. Quem mais compareceu foi justamente a galera do hip-hop; e o mais interessante: estavam atentos e ligados na apresentação da banda, o que me surpreendeu e me deixou particularmente feliz. Vejo que os preconceitos e separatismos musicais estão se tornando cada vez mais amenos. Por que não apreciar aquilo que, necessariamente, não é o seu estilo musical favorito, aquele que você toca e do qual é entusiasta?



Executamos um repertório de 14 músicas, 10 próprias e 4 covers. Aliás, é a primeira vez que tocamos um repertório razoavelmente extenso. Como sempre tocamos em eventos com 2, 3 ou mais bandas, geralmente tocamos entre 8 e 10 canções no máximo. Ontem, por sermos só nós e os manos, pudemos nos dar a esse luxo. O público se manteve atento e aplaudindo ao final de cada música. Quero crer que essa é uma espécie de "reação positiva padrão" quando se está diante de músicas com as quais ainda não se está familiarizado, embora algumas pessoas tenham nos dito que foram ao show porque já conheciam parte do trabalho da banda pela net (através do Compacto.REC e do MySpace em especial).



Zen

Nenhum comentário: