A Praça da Liberdade: local da entrevista para o Alto Falante.
E os filomedulosos pagando de turistas. Quinta-feira, 24 de abril. Dia após a apresentação n'A Obra. Me desgarrei um pouco do grupo para um pequeno momento família: uma visita rápida à d. Wivian (minha sogra) e Daniel (meu cunhado xará). Após almoço, encontrei novamente com os medusulosos na Praça da Liberdade, para a noticiada entrevista ao Programa Alto-Falante, às 15hs30. Na verdade, a intenção do Thiago Hermano (do programa) era fazermos uma interna, em estúdio, com gravação de duas ou três músicas, conforme tinha dito aqui no blog. Ficou complicado em virtude da pauta do estúdio e então o mesmo Thiago sugeriu uma entrevista externa. Dito e feito, tendo como cenário a fonte em frente ao coreto da praça, cartão postal de BH. Após, corremos à rodoviária para agilizarmos as passagens para São Paulo, última etapa da nossa jornada...
Antes disso: na noite anterior, após a passagem do som e momentos antes de iniciarmos à apresentação, sentamos com a turma do Proa, que fez o primeiro show da noite (acachapante, como o Saulo já descreveu), com a turma d'A Obra (Claudão, Cacá e cia. ltda) e um sujeito pra lá de bacana que é o Vítor Santana. O Vítor é músico, compositor, estética MPB, super-jovem e já é um dos diretores da SIM (Sociedade Independente da Música de Minas Gerais). A SIM é uma das entidades que compõem o Fórum Mineiro da Música, que tem trabalhado as parcerias das categorias artísticas da área de música com a Secretaria Estadual de Cultura de MG.
Vítor também é um dos articuladores do Edital de Pontos de Cultura para as entidades do Circuito Fora do Eixo, que está sendo trabalhado pelo Circuito em parceria com o MinC. Também está de malas prontas para apresentações em Cuba, no início de maio. Talentoso e articulado. É isso que queremos dizer com o aforismo "músico = pedreiro." Aquele cara que, além de compor e tocar, trabalha no intuito do bem coletivo, dos outros músicos, das outras bandas, da cena da cidade como um todo.
É o inverso do paradigma do artista que pensa que, por possuir o dom e o talento das artes, tem de ficar esperando caírem do céu patrocínios, benefícios estatais, convites para shows, para gravação de discos etc. Sem demérito da produção artística, do talento, mas, para mim, artista tem de se comportar como qualquer um outro trabalhador. Tem de assimilar os princípios do empreendedorismo, da auto-gestão, da gestão associativa e cooperativista... Isso não vale só para a música.
O Vítor foi nos assistir; também apareceram lá o Thiago Hermano, que já citei acima; O Bruninho, nosso anfitrião; amigos dos músicos do Proa; amigos dos amigos d'A Obra; enfim, público pequeno, mas muito a fim de conhecer as canções filomedusescas e curtir o já conhecido som do Proa.
Minhas impressões: tocar n'A Obra é uma espécie de ritual de passagem. Do mesmo jeito que tocar em Goiânia. Mas tocar n'A Obra é mais do que tocar na cidade de BH. É tocar num dos templos do rock independente brasileiro. Parece exagero, mas nesses 10 anos de existência, A Obra é um dos poucos palcos por onde passou um percentual gigantesco de bandas independentes em atividade nessa última década, de Cachorro-Grande, Astronautas, MQN, Pelebrói Não Sei, Charme Chulo etc etc etc a Los Porongas. Se só houvesse uma pessoa ouvindo, ficaria pra lá de satisfeito.
Inté!
Daniel Zen